segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Trabalho infantil é legal nos Estados Unidos


“Quando eu tinha 12 anos, eles me deram minha primeira faca. Eu me cortava semana após semana. Sempre tinha uma nova cicatriz. Minhas mãos têm muitas histórias”.

Ao ler a fala acima, tende-se a pensar que ela foi proferida por crianças de algum país em desenvolvimento, de uma região mais pobre do mundo. Mas não! Foi um cidadão estadunidense que deu este depoimento!

É absolutamente chocante que um país que se diz tão protetor da democracia e dos direitos humanos tenha leis federais que permitem que crianças trabalhem na agricultura! A lei diz que com 12 anos de idade elas podem ser empregadas em qualquer fazenda, e com qualquer idade em pequenas fazendas! Como se o tamanho da fazenda fosse fazer diferença para a exploração das crianças... Quanta ironia! E o pior é que a lei não estabelece sequer o horário de trabalho ou a quantidade de horas por semana, nem mesmo durante a época de escola. Fácil prever que a maioria dessas crianças é altamente explorada, trabalhando longas horas sem sequer ganhar um pagamento justo por isso... E o pior é que muitas acabam abandonando os estudos...

Não dá pra aceitar o fato de que esses abusos são cometidos sob o abrigo da lei americana! Come on! Já não é sem tempo que os EUA olhem pro seu umbigo e arrumem a própria casa antes de invadirem a casa alheia em nome da democracia!

Parece até piada...mas infelizmente não é......

Foto de Robin Romano
Mais informações no saite da Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/features/child-farmworkers-us

domingo, 26 de setembro de 2010

A Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

No ano 2000, foram estabelecidas no âmbito da Organização das Nações Unidas – ONU as 8 metas do milênio. São os objetivos que devem ser alcançados até o ano de 2015:

1 - Erradicar a extrema probreza e a fome
2 - Atingir o ensino básico universal
3 - Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 - Reduzir a mortalidade infantil
5 - Melhorar a saúde das gestantes
6 - Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças
7 - Garantir a sustentabilidade ambiental
8 - Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento

Os representantes dos Estados-partes da ONU se reuniram em Nova Iorque esta semana, de 20 a 22 de setembro, para dar seguimento à reunião mundial de 2005: analisar os resultados alcançados, traçar novos planos e reafirmar o compromisso.

Apesar de a crise mundial ter diminuído o progresso constatado em 2005, chegou-se à conclusão de que as metas ainda são atingíveis. Os representantes governamentais renovaram seu compromisso e estabeleceram uma agenda de ações práticas a serem tomadas relativamente a cada objetivo.

Foi com deleite que li sobre a prioridade a ser dada a mulheres e crianças – os dois temas de direitos humanos que mais mexem comigo. Serão dedicados a elas US$ 40 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 68 bilhões, provenientes de governos, fundações, empresas e organizações não governamentais. A ideia é evitar a morte de 15 milhões de crianças, 740 mil mulheres que morrem no parto ou durante a gestação, e ainda prevenir 33 milhões de gravidezes indesejadas, até 2015.

É importante deixar claro que esses 40 bilhões de dólares vêm da soma da quantia de investimento prometida por cada instituição, governo ou empresa, que inclusive já estabelecem a área específica em que esse dinheiro será aplicado. Por exemplo, Gana aumentará em 15% o seu orçamento nacional para a saúde, enquanto a Fundação Ford promete $18 milhões por ano para a ONU investir na educação sexual de jovens de diferentes países, Save the Children prevê $500 milhões por ano para a proteção de recém-nascidos e treinamento de trabalhadores da área da saúde, e a empresa Johnson & Johnson investirá $200 milhões nos próximos 4 anos para ajudar 120 milhões de mulheres e crianças em países em desenvolvimento.

Estava eu lendo sobre cada entidade envolvida nesta “Estratégia global para a saúde de mulheres e crianças”, e, na parte dos países, de Benin vai direto pra Burkina Faso. Cadê o Brasil? Seria bom ver o nosso país envolvido efetivamente nesta iniciativa que pode fazer a diferença. Como bem disse Ban Ki-moon, o Secretário Geral da ONU, investir na saúde de mulheres e crianças tem um efeito multiplicador nas metas do milênio como um todo e faz desenvolver sociedades mais estáveis, pacíficas e produtivas! Emancipar a mulher é capacitar comunidades inteiras (difícil traduzir pro Português a ideia de empowering! O que ele disse foi: “By empowering women, we empower societies.”).

Mas não nos deixemos levar pelo encantamento da grandeza desses números! A accountability de cada um dos envolvidos é fundamental; é a responsabilidade final! Através de um sistema que abrange monitoramento, avaliação e relatórios, será possível à ONU confirmar que os investimentos prometidos foram realmente feitos e que os resultados esperados foram alcançados. Resta a nós, indivíduos da sociedade civil, manter-nos informados e atentos para assim contribuir com a pressão social por parte de quem sabe o que está acontecendo, o que foi prometido e o que tem que mudar. Informação é chave! E com atitude e transparência, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio serão uma verdadeira conquista conjunta da humanidade!