sexta-feira, 12 de novembro de 2010

1 bilhão e 400 milhões de razões

Semana passada fui no evento de lançamento do DVD “1.4 billion reasons”, de uma organização chamada “The Global Poverty Project”. Este projeto foi fundado pelos australianos Hugh Evans e Simon Moss com a ideia de educar para acabar com a extrema pobreza no mundo. “1.4 billion reasons” é uma apresentação de 90 minutos que quer comunicar as realidades da extrema pobreza e o que pode ser feito por pessoas comuns, por gente como a gente, pra alcançar esse objetivo.
Semana passada fui no evento de lançamento do DVD “1.4 billion reasons”, de uma organização chamada “

A apresentação trabalha em torno de 5 perguntas:

1 – O que é a extrema pobreza?
2 – Há algo que pode ser feito a esse respeito?
3 – Quais são as barreiras pra acabar com a extrema pobreza?
4 – Por que devemos nos importar com isso?
5 – O que podemos fazer?

Há no mundo 1 bilhão e 400 milhões de pessoas que vivem com menos de US$ 1.25 por dia, que é o que demarca a linha da pobreza extrema.

Proporcionalmente à população mundial, a extrema pobreza nas últimas décadas já caiu de 50% pra 25%. Não é este um dado que chama a atenção? E o Global Poverty Project acredita que em uma geração esse índice pode chegar a zero, se trabalharmos juntos. Com pequenas atitudes no nosso dia a dia podemos atingir uma grande meta.

A apresentação em si é muito bem feita. Slideshows, vídeos, dados científicos e exemplos reais e práticos de fato fazem ver que, com simples mudanças, todos podem ser parte do movimento. Fica claro que aquilo que a gente aprende, diz, faz, doa e compra tem tudo a ver com o fim da pobreza extrema.

Tudo começa com a consciência do que acontece no mundo – o poder do conhecimento – e com a partipação – o poder da voz. Estando bem informados, podemos cobrar dos políticos eleitos as promessas que foram feitas, além de exigir que tenham o fim da pobreza nos objetivos do seu mandato. Aí no Brasil eu não vejo muito isso, mas aqui na NZ é bem comum – e efetivo – escrever cartas pros membros do Parlamento (equivalentes aos nossos senadores e deputados federais), por exemplo. Ou mandar emails pra eles. Muitas vezes as ONGs já têm o conteúdo da carta/email pronto, é só assinar ou clicar no “enviar”. O cara recebe centenas ou milhares de correspondências falando do mesmo assunto. Pressão que pode funcionar. Por que não usamos mais essa ferramenta no Brasil?

Outra sugestão é “voluntarie-se”. Envolva-se em algum projeto, ajude a quem precisa. Faz a diferença e é gratificante.

Indo adiante, faça a sua doação valer. Quando for doar dinheiro a algum projeto ou instituição, pesquise, veja que trabalhos foram feitos previamente, os resultados práticos, pergunte-se: esta organização está realmente provocando mudanças? Neste caso, chama a atenção a diferença que faz estar num país desenvolvido, onde todos – ou quase todos – têm dinheiro pra si e também pra doar. Ano passado eu era voluntária da Anistia Internacional (AI) aqui em Wellington. Como outras organizações, a AI tem um dia no ano em que vários voluntários vão às ruas com um baldinho na mão recolhendo doações de quem passa. Claro que o evento é superbem organizado – cuida-se pra que das 9h às 17h tenha gente nas ruas, em determinados pontos estratégicos do centro da cidade e de bairros. É um verdadeiro rodízio. Obviamente que há a precaução de não haver duas organizações fazendo isso no mesmo dia. O resultado? Só aqui em Wellington a gente conseguiu NZ$ 12.000,00!!

E, pra mim, a ideia que mais pode gerar mudança se a gente conseguir colocá-la em prática no dia a dia: cuide do seu poder de compra! Procure comprar produtos que tenham o selinho “FairTrade” ou “Comércio Justo”. Ainda pouco divulgado no Brasil, este selo foi criado pela organização Fairtrade Labelling Organisations International (FLO), fundada na Europa em 1997 (embora o movimento pelo comércio justo exista desde os anos 1960), para produtos que respeitam certos padrões: que os produtores recebam um preço mínimo justo e que haja um equilíbrio social e ambiental na cadeia produtiva. Infelizmente, não é assim tão fácil encontrar nas prateleiras dos supermercados brasileiros produtos com o selinho (ou é? faz mais de dois anos que não vou ao supermercado no Brasil. Se alguém tiver informação diferente da minha, me avisa). No entanto, o que podemos fazer é buscar saber de onde vem o que compramos, se aqueles que produziram estão recebendo justamente, se estão trabalhando horas decentes, se o produto ajuda a comunidade (cidade, Estado ou país). Já pensou se várias pessoas começassem a chamar o gerente e a fazer este tipo de pergunta? Com certeza, o interesse do público geraria o interesse do negócio em vender produtos cujas respostas às perguntas acima deixassem os clientes satisfeitos.

Enfim, há várias opções do que pode ser feito.

No ano passado, o próprio Hugh Evans fez a apresentação “1.4 billion reasons” aqui no Parlamento, em Wellington, e eu fui! Tanto na última semana quanto neste primeiro evento, saí de lá cheia de esperança! É verdadeiramente inspiradora a apresentação! Além disso, toma-se consciência do quanto cada um de nós é importante, da nossa cota individual de responsabilidade pelo mundo em que vivemos.

Eu acredito no Projeto. Os números, os estudos, os fatos mostrados na apresentação embasam meu otimismo e minha fé. Tem 1 bilhão e 400 milhões de pessoas, no mínimo, que podem se beneficiar de nossas atitudes. E você? Acredita que pode ajudar a acabar com a extrema pobreza em algumas poucas décadas?