Semana passada fui no evento de lançamento do DVD “1.4 billion reasons”, de uma organização chamada “
A apresentação trabalha em torno de 5 perguntas:
1 – O que é a extrema pobreza?
2 – Há algo que pode ser feito a esse respeito?
3 – Quais são as barreiras pra acabar com a extrema pobreza?
4 – Por que devemos nos importar com isso?
5 – O que podemos fazer?
Há no mundo 1 bilhão e 400 milhões de pessoas que vivem com menos de US$ 1.25 por dia, que é o que demarca a linha da pobreza extrema.
Proporcionalmente à população mundial, a extrema pobreza nas últimas décadas já caiu de 50% pra 25%. Não é este um dado que chama a atenção? E o Global Poverty Project acredita que em uma geração esse índice pode chegar a zero, se trabalharmos juntos. Com pequenas atitudes no nosso dia a dia podemos atingir uma grande meta.
A apresentação em si é muito bem feita. Slideshows, vídeos, dados científicos e exemplos reais e práticos de fato fazem ver que, com simples mudanças, todos podem ser parte do movimento. Fica claro que aquilo que a gente aprende, diz, faz, doa e compra tem tudo a ver com o fim da pobreza extrema.
Tudo começa com a consciência do que acontece no mundo – o poder do conhecimento – e com a partipação – o poder da voz. Estando bem informados, podemos cobrar dos políticos eleitos as promessas que foram feitas, além de exigir que tenham o fim da pobreza nos objetivos do seu mandato. Aí no Brasil eu não vejo muito isso, mas aqui na NZ é bem comum – e efetivo – escrever cartas pros membros do Parlamento (equivalentes aos nossos senadores e deputados federais), por exemplo. Ou mandar emails pra eles. Muitas vezes as ONGs já têm o conteúdo da carta/email pronto, é só assinar ou clicar no “enviar”. O cara recebe centenas ou milhares de correspondências falando do mesmo assunto. Pressão que pode funcionar. Por que não usamos mais essa ferramenta no Brasil?
Outra sugestão é “voluntarie-se”. Envolva-se em algum projeto, ajude a quem precisa. Faz a diferença e é gratificante.
Indo adiante, faça a sua doação valer. Quando for doar dinheiro a algum projeto ou instituição, pesquise, veja que trabalhos foram feitos previamente, os resultados práticos, pergunte-se: esta organização está realmente provocando mudanças? Neste caso, chama a atenção a diferença que faz estar num país desenvolvido, onde todos – ou quase todos – têm dinheiro pra si e também pra doar. Ano passado eu era voluntária da Anistia Internacional (AI) aqui em Wellington. Como outras organizações, a AI tem um dia no ano em que vários voluntários vão às ruas com um baldinho na mão recolhendo doações de quem passa. Claro que o evento é superbem organizado – cuida-se pra que das 9h às 17h tenha gente nas ruas, em determinados pontos estratégicos do centro da cidade e de bairros. É um verdadeiro rodízio. Obviamente que há a precaução de não haver duas organizações fazendo isso no mesmo dia. O resultado? Só aqui em Wellington a gente conseguiu NZ$ 12.000,00!!
E, pra mim, a ideia que mais pode gerar mudança se a gente conseguir colocá-la em prática no dia a dia: cuide do seu poder de compra! Procure comprar produtos que tenham o selinho “FairTrade” ou “Comércio Justo”. Ainda pouco divulgado no Brasil, este selo foi criado pela organização Fairtrade Labelling Organisations International (FLO), fundada na Europa em 1997 (embora o movimento pelo comércio justo exista desde os anos 1960), para produtos que respeitam certos padrões: que os produtores recebam um preço mínimo justo e que haja um equilíbrio social e ambiental na cadeia produtiva. Infelizmente, não é assim tão fácil encontrar nas prateleiras dos supermercados brasileiros produtos com o selinho (ou é? faz mais de dois anos que não vou ao supermercado no Brasil. Se alguém tiver informação diferente da minha, me avisa). No entanto, o que podemos fazer é buscar saber de onde vem o que compramos, se aqueles que produziram estão recebendo justamente, se estão trabalhando horas decentes, se o produto ajuda a comunidade (cidade, Estado ou país). Já pensou se várias pessoas começassem a chamar o gerente e a fazer este tipo de pergunta? Com certeza, o interesse do público geraria o interesse do negócio em vender produtos cujas respostas às perguntas acima deixassem os clientes satisfeitos.
Enfim, há várias opções do que pode ser feito.
No ano passado, o próprio Hugh Evans fez a apresentação “1.4 billion reasons” aqui no Parlamento, em Wellington, e eu fui! Tanto na última semana quanto neste primeiro evento, saí de lá cheia de esperança! É verdadeiramente inspiradora a apresentação! Além disso, toma-se consciência do quanto cada um de nós é importante, da nossa cota individual de responsabilidade pelo mundo em que vivemos.
Eu acredito no Projeto. Os números, os estudos, os fatos mostrados na apresentação embasam meu otimismo e minha fé. Tem 1 bilhão e 400 milhões de pessoas, no mínimo, que podem se beneficiar de nossas atitudes. E você? Acredita que pode ajudar a acabar com a extrema pobreza em algumas poucas décadas?